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“O Brasil nunca se preparou para uma assistência básica decente”, afirma Elias Knobel, criador da UTI do Hospital Albert Einstein

Elias Knobel tem 76 anos. Quando tinha apenas 28, precisou colocar em prática um projeto desafiador: implantar uma unidade especializada no atendimento a pacientes críticos do Hospital Israelita Albert Einstein. A UTI do hospital foi inaugurada em 1972, representando grande novidade na época. 

As UTIs são, hoje, foco de debate devido à Covid-19. Para Knobel, a pandemia só ressaltou a realidade estressantes destes profissionais e a falta de leitos. Quem trabalha em UTI, vive esse problema diariamente no Brasil. Sempre que se sai de um equilíbrio, entra a polêmica: quem irá usar o único respirador disponível? “O Brasil nunca se preparou para uma assistência básica no mínimo decente”, ressalta o médico cardiologista. Em sua visão, o governo deveria ter utilizado recursos capazes de estruturar o setor. “A associação de medicina intensiva periodicamente faz reuniões com autoridades chamando a atenção para a falta de leitos de UTI”, pontua.

Knobel destaca que os profissionais de saúde, assim como os da mídia, são os mais afetados por tensões no ambiente laboral. Dentro da medicina, a situação mais estressante é a do intensivista. As estratégias para vencer isso foi a humanização, introduzindo psicólogos e ambientes amplos, que permitem visitas e acompanhantes. “Lidamos com a vida. Você fica cuidando e, de repente, ela morre na sua cara. Isso choca. É uma coisa muito estressante e sacrificante”, destaca. Segundo o médico, na UTI, “você vive em um campo de batalha”, algo inesquecível, já que é uma situação limite. Ver um paciente que fica na UTI e precisa se despedir é um cenário no qual “as lágrimas correm”. 

Confira a entrevista completa no portal da AMIB, clicando aqui. 

 

Foto: Ensino e Pesquisa - Hospital Albert Einstein