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Associação de Medicina Intensiva Brasileira– AMIB: Comitê de Sepse e Infecção realiza Comunicado referente à Varíola dos Macacos (MONKEYPOX)

Até o dia 28/07/2022, o mundo ultrapassou a marca de 18 mil casos de “varíola dos macacos” (“monkeypox”), espalhados em 78 países. Observa-se uma tendência crescente no número de casos de monkeypox no Brasil, com o primeiro registro de óbito fora do continente africano no nosso país.

A transmissão se dá através de gotículas, contato próximo ou direto com as lesões cutâneas, e possivelmente através de fômites contaminados. A apresentação clínica é geralmente auto-limitada (1,2). A doença inicia através de um quadro de febre, seguida pelo desenvolvimento de múltiplas lesões papulares, vesiculo-pustular e lesões ulcerativas na face e no corpo, associada com linfadenopatia proeminente (1,2). As complicações incluem diarreia, sepse, pneumonite, encefalite, ceratite – com potencial risco de perda visual e infecções bacterianas secundárias (1,3,5). Em coorte internacional recentemente publicada, composta por 528 pacientes, a incidência de cuidados da doença em ambiente hospitalar foi da ordem de 13%, tanto para o manejo de analgesia (especialmente por proctite), para tratamento de infecções bacterianas secundárias, como também para investigação e manejo de miocardite, como possível complicação da doença (1). Estimativas mais amplas, com uma melhor caracterização quanto aos aspectos clínicos e epidemiológicos destes pacientes que evoluem com complicações da monkeypox ainda são escassas na literatura médica.

Até o presente momento, existem poucos dados sugerindo uma estimativa razoável da taxa de mortalidade em decorrência da doença. Dados inconsistentes sugerem uma redução na mortalidade, da ordem de 10% nos anos 80 até menos de 5% em estudos da década passada, em dados oriundos de países da África (3). As estimativas recentes de mortalidade detectadas em surtos na Nigéria foram de 2,8%. Encontra-se uma mortalidade de 0% nos Estados Unidos, nos Camarões, no ano de 2018; e no Reino Unido, em coorte recentemente publicada (3,4). Até o momento atual, considera-se a população de risco para o desenvolvimento de complicações graves da doença como sendo basicamente composta por imunossuprimidos (1,6), incluindo portadores do vírus HIV (1). Considera-se também como população de risco: crianças com menos de 10 anos, gestantes e pacientes portadores de doenças crônicas (1,3,5).

No atendimento de casos suspeitos, o profissional de saúde deve orientar o isolamento imediato do indivíduo até o desaparecimento completo das lesões (cerca de 2 a 3 semanas) (2). Ainda não há uma descrição clara quanto a sinais de alerta da doença para potenciais complicações, no entanto, considera-se como fatores de risco para tais:

- Pacientes que façam parte do grupo de risco, especialmente os imunossuprimidos;

- Pacientes que desenvolvam sintomatologia compatível com as complicações secundárias até o momento relatadas;

- Pacientes com evidências de complicações das lesões virais, especialmente no que se refere a presença de infecção bacteriana secundária.

Leia a nota aqui. 

Bibliografia

1. NEJM 2022, DOI: 10.1056/NEJMoa2207323

2. ANVISA. Nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 03/2022 Orientações Para Prevenção E Controle Da Monkeypox Nos Serviços De Saúde.

3. PLoS Negl Trop Dis 13(10): e0007791. DOI: 10.1371/journal.pntd.0007791

4. Lancet Infect Dis 2022; DOI: 10.1016/S1473-3099(22)00228-6

5. Lancet 2022, DOI: 10.1016/S0140-6736(22)01096-0

6. JAMA 2022; DOI: 10.1001/jama.2022.10802