Sotirgs Uti

UTI lugar da vida, integridade e dignidade

Desmistificar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) como um local de morte é muito importante para qualificar o trabalho dos profissionais dessa área. Na realidade, é um espaço de vida, que permite o enfrentamento da terminalidade com mais humanidade e consciência. 

A UTI deve oferecer o suporte avançado de vida para os pacientes e suas famílias, com uma estrutura de alta tecnologia e recursos humanos especializados. É importante promover a vida, a preservação, o restabelecimento e minimização dos agravos. Falar sobre a finitude faz parte do processo, mas precisa ser feito com empatia e as chances de estabilização não podem ser descartadas. A família também deve ser incluída nos cuidados intensivos, pois é essencial no processo de “cura” ou aceitação de uma nova e inesperada condição de vida. 

 

Caso não haja medidas de suporte avançado da vida e monitorização contínua, muitos pacientes podem desenvolver sequelas sérias. Hoje, os avanços são consideráveis: a terapia intensiva apresenta tratamentos mais individualizados, com uma logística mais apropriada e que permite protocolos e terapias mais assertivas. As UTIs chamadas de Neurológicas exemplificam essa realidade, em que são tratados pacientes neurocríticos. Em relação a pacientes que já estão em um estágio terminal considerável, em países desenvolvidos, é comum a prática de contraindicação de interná-los em Unidades de Terapia Intensiva. São estabelecidas, no lugar, terapias de suporte básico da vida, enfatizando no alívio do sofrimento e da angústia do doentes. 

 

Essa prática tem ficado cada vez mais comum, havendo a tendência da “desospitalização” de pacientes crônicos e terminais, o que ajuda a reduzir custos elevados com internações e as potenciais complicações. O crescimento dos cuidados domiciliares exige profissionais bem preparados, bem como equipamentos seguros e um monitoramento constante. Estamos em um ciclo, e a UTI não foi criada para a morte: é um local de manutenção e promoção da vida, contribuindo com atenção e excelência nos cuidados com a família e o paciente. Há limites que não cabem ao profissional intensivista, afinal, a natureza é soberana e define o resultado, que poderá ser uma história com mais integridade e dignidade.