Humanizao

Curso de Humanização na AMIB quer mudar cultura do atendimento nas UTI

Durante os dias 10, 11 e 12 de junho, 45 profissionais de diversas áreas da saúde se reuniram na sede da AMIB e puderam saber mais sobre os cuidados que a equipe deve ter com os pacientes de UTI. Nessa ocasião, entretanto, os ensinamentos não foram técnicos ou sobre os últimos resultados das pesquisas científicas. O objetivo foi discutir sobre humanização.

O Dr. Gabriel Heras de la Calle comemora o interesse dos profissionais de diversas áreas e destaca que o maior obstáculo ainda é cultural. “Temos aqui profissionais de todo o Brasil que vão levar para as suas unidades, suas cidades, as ideias de humanização. E esta evolução é bem-vinda. Já estamos há 50 anos cuidando dos pacientes de uma maneira, é preciso agora fazer de outra: centrar o cuidado nas pessoas”, disse.
Dr. Gabriel explica que nas viagens que fez pelo mundo encontrou alguns profissionais com dificuldade de mudar, que estavam cômodos nas suas práticas. Mas também relata que encontra em todos os países que visita profissionais ansiosos por mudanças.
Esta evolução no cuidado, a que o Dr. Gabriel se refere, coloca pacientes, familiares e equipe multiprofissional em pé de igualdade no cuidado do paciente crítico. É preciso não só que médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros discutam sozinhos os casos da UTI. Segundo ele, é preciso envolver o paciente e saber o que ele está sentindo, quais são suas preferências e valores.
Gabriel Heras relata que em 2018, a humanização passou a fazer parte do currículo acadêmico com a criação de um curso de pós-graduação na Universidade de Barcelona. Mas a intenção do projeto é levar os debates e discussões para os cursos de graduação das diversas categorias que atuam dentro de uma UTI. Também foi criado um manual de boas práticas com 160 itens em sete linhas de trabalho.
Cuidado centrado nas pessoas
O Dr. José Manuel Velasco Bueno abriu o curso na AMIB falando sobre a experiência da internação do ponto de vista do paciente, que está num momento complexo e não pode se comunicar. “Ele está vulnerável, dependente das máquinas, sem autonomia e mobilidade e sem informação nenhuma sobre o seu caso”, explicou.
Em seguida, explicou as bases do cuidado centrado no paciente, nas suas preferências, informações e educação, conforto físico, suporte emocional e envolvimento dos familiares. Para ele, a família e os amigos se tornam uma extensão do paciente, já que também vivem o processo da doença.
Os profissionais não ficam de fora do curso de humanização. A intenção também é cuidar de quem está trabalhando, evitando a fadiga emocional, o desgaste e a famosa síndrome de Burnout.
O curso reuniu profissionais de todas as áreas que atuam numa unidade de terapia intensiva, de vários estados do Brasil. Para o Dr. Gabriel, isso não é um problema. “Em todos os países e locais que passamos, todos têm os mesmos problemas. A mudança está só na implementação dos processos, que varia de cultura para cultura”.
Para o Dr. Cristiano Franke, a ideia do curso na AMIB é fazer chegar o conhecimento para o maior número de profissionais. “Este foi o primeiro passo. Depois do curso, vamos usar as ferramentas da AMIB para fazer com que as discussões sobre humanização cheguem aos diferentes hospitais".

fonte: AMIB